Terapia de Vidas Passadas com Crianças
Uma questão importante sobre o processo da Terapia Regressiva é se ela pode ser realizada com crianças. Muitas pessoas nos perguntam a partir de que idade pode ser feita a Terapia de Vida Passada. Quando consideramos, como hipótese de trabalho, a Reencarnação e a dimensão espiritual do ser humano, no entendimento do psiquismo e das enfermidades, as crianças nada mais são que Seres Espirituais que reencarnaram, que carregam no seu psiquismo de profundidade toda uma série de experiências de vidas anteriores e que estão, no momento presente, em um corpo em desenvolvimento psico-motor.
Por esta perspectiva, vão igualmente trazer seus conflitos, tendências, dificuldades ou potencialidades e, até mesmo, doenças, associadas a estas experiências anteriores que não foram elaboradas adequadamente. Assim, as crianças e adolescentes podem, sim, beneficiar-se deste tipo de terapia. A questão que se coloca importante é qual deve ser o método adequado para a faixa etária em que a criança ou adolescente se encontra.
Portanto, o terapeuta que atende estas faixas etárias deverá, não só dominar as técnicas regressivas e o processo de Transformação da Consciência, mas também conhecer profundamente as características e aspectos relevantes do desenvolvimento psicomotor de cada faixa etária. Isso se coloca como um desafio a mais, pois precisa conhecer as contribuições da Psicologia Tradicional no campo da Psicologia do Desenvolvimento, além de ter uma reflexão consistente sobre o Desenvolvimento Espiritual e o processo gradativo da Reencarnação.
A Psicologia Tradicional vem oferecendo várias contribuições no entendimento do desenvolvimento infantil e do adolescente, identificando os padrões esperados de respostas no campo do pensamento, emocional, relacional e de identidade. Assim, por exemplo, esperamos que, aos 2 anos, a criança esteja articulando palavras em torno de um sentido de frases. Já consiga discernir entre conceitos de grande/pequeno, muito/pouco, alto/baixo, mas provavelmente não tenha um sentido de socialização com crianças da mesma idade tão significativo, podendo preferir brincar sozinho ou com mais velhos. Da mesma forma, esperamos que um adolescente de 14 anos tenha uma grande tendência a socialização com seus pares, um certo distanciamento dos pais, numa importante fase de definições de identidade (sexual, atividades, preferências profissionais, etc.).
A Reencarnação começa bem antes da Concepção e não se encerra no nascimento, como muitos ainda acreditam. Na nossa prática com Regressão de Memória, observamos que o Ser Espiritual que vai reencarnar já se aproxima, energeticamente, daqueles que serão seus futuros pais. Parece que esta aproximação irá influenciar, inclusive, o óvulo e o espermatozoide com características genéticas mais adequadas para a necessidade de desenvolvimento que aquele espírito traz para a vida que se inicia. A partir da concepção, o Ser Espiritual passa a estar definitivamente ligado à primeira célula ovo e vai presidir o seu desenvolvimento, trazendo para o corpo que se inicia as marcas e tendências impressas no seu psiquismo.
Constatamos que o nascimento é um momento importante, pois desliga o ser reencarnante do corpo da mãe, iniciando uma fase de mais autonomia (respiração, alimentação, movimentos, etc.) mas ainda não completou o processo da reencarnação. A cada etapa do desenvolvimento psicomotor estudados pela Psicologia Tradicional, verificaremos uma Etapa do Processo da Reencarnação. A cada etapa psicomotora, o corpo apresenta uma estrutura capaz de “suportar” as funções vitais do Ser Espiritual que reencarna.
Assim, o processo só se encerrará na Adolescência, quando o Espírito que reencarna traz suas características mais significativas de personalidade para a atual existência. Este, inclusive, é um dos motivos para os enormes conflitos que identificamos nos jovens desta faixa etária. É por este motivo que podemos identificar, em crianças até a idade de mais ou menos 8 anos, a lembrança espontânea de situações de vida passada. Fato comum e frequente, que costuma ser desconsiderado pelos pais e responsáveis como frutos da imaginação infantil. Essa lembrança, constitui, inclusive, um dos aspectos estudados em Pesquisas Científicas realizadas em todo o mundo.
A criança ou adolescente é um Ser Espiritual que está reencarnando para a continuidade de seu processo de desenvolvimento espiritual. Assim sendo, poderá, desde cedo na sua vida, se deparar com a emergência dos conflitos e desajustes mais profundos do seu psiquismo que afloram como forma de serem resolvidos. O termo “Emergência” pode ser encarado tanto no sentido de emergir, ou seja, surgir na superfície da consciência, quanto no sentido de ser urgente a sua resolução.
Esta abordagem resolve outro conflito importante: a culpabilização dos pais nos problemas de seus filhos decorrentes da proposta de Psicologia Tradicional. Em função de usar um paradigma materialista, a Psicologia Tradicional acaba por dar excessiva ênfase na influência dos pais, quer pela carga genética que trazem para seus filhos, quer pelas importantes influências no processo de socialização primária que ocorre nos primeiros anos de vida das crianças.
Por esta abordagem tradicional, os pais acabam sendo considerados os principais formadores da personalidade e, consequentemente, dos problemas que podem advir no desenvolvimento infantil.
Segundo nossa abordagem, estas influências parentais são também muito importantes, mas na grande maioria das vezes, como deflagradora dos conteúdos inconscientes que o espírito já traz na sua bagagem espiritual. Evidentemente, o ambiente e a forma como são tratadas as crianças favorecem o abrandamento de algumas características difíceis que podem trazer de seu passado, como também podem acentuar traços e tendências que trarão dificuldades ao longo de sua vida.
É por este motivo que uma terapia com crianças e adolescentes sempre exige uma participação e uma disponibilidade da família como um todo na mudança também de padrões que podem estar relacionados aos problemas de seus filhos.
MÉTODOS ADEQUADOS
Como afirmamos, é preciso adequar os Métodos e as técnicas utilizadas para o psiquismo na idade em que a criança ou o adolescente está. Além disso, podemos observar que a diferença de maturidade emocional e espiritual também é fator a ser considerado. Podemos nos deparar com uma criança de 10 anos que já apresenta uma certa maturidade emocional e nível de compreensão do processo, enquanto podemos estar lidando com um adolescente de 16 anos que ainda apresenta uma estrutura emocional e psíquica bem infantil.
Daí a importância do terapeuta conhecer, não só da Terapia Regressiva mas também da Psicologia do Desenvolvimento Infantil. Em função desta especificidade, o trabalho com crianças e adolescentes NÃO privilegiará a Regressão de Memória, normalmente utilizada em indivíduos adultos. Com estes pequenos clientes o terapeuta usará diversos recursos que permitam o acesso a estas situações, mesmo que traumáticas ou conflitantes, preservando a integridade psíquica e emocional da criança.
Ao contrário do que se imagina, a criança tem, na grande maioria das vezes, mais facilidade de acessar estas situações que os adultos. Isto porque sua estrutura psíquica ainda não está totalmente formada.( Lembremos que o processo reencarnatório ainda está se processando.) Desta maneira, os conteúdos que trazem problemas às crianças estão mais “disponíveis” de serem acessados com intervenções mais simples e indiretas.
Usaremos diversas formas para que a criança possa identificar a origem destes problemas e melhorar os efeitos negativos que vêm trazendo para suas vidas. Estes recursos podem ser Lúdicos (brinquedos, brincadeiras, etc.) ou Projetivos (teatro, dinâmica com bonecos, Estórias em quadrinhos, etc.). Com a configuração da situação traumática utilizando os bonecos, a criança poderá elaborar os resíduos deste conflito na sua vida atual. Chamamos este tipo de técnica de Dissociativa pois favorece que o cliente reviva os conteúdos indiretamente através da “história” dos bonecos.
Como estes conteúdos são Inconscientes, estas técnicas permitem que eles emerjam à consciência de forma indireta, mas igualmente eficaz. É impressionante como as crianças apresentam um alto nível de aderência e efetividade na resolução de problemas, muitas vezes complexos, de vida passada através destes métodos!